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21.11.2024

Vida longa aos orgânicos

Família da estudante Kertlin Haas

Brochier

No pequeno município de Brochier, no Vale do Caí, vive a família Haas. Na propriedade, o casal Ivan Luis, e Márcia Cristina, e os filhos Kelvin, e Kertlin, cultivam citros, figos e morangos. Por ano, colhem, em média, 45 mil quilos de frutas. Tudo orgânico. “Nunca usei químicos. É um estado de espírito, de conscientização, de não querer que o nosso consumidor adoeça”, ressalta Ivan.

De fala mansa, ele recorda a história que o fez ter certeza que o futuro da alimentação está nos orgânicos: “Há muitos anos, visitei uma lavoura convencional de maracujá. O proprietário tratava as plantas com vários tipos de inseticidas e dizia que sem eles nada se salvava. Na segunda vez em que estive lá, ele (o dono da propriedade) já não conseguia participar de todas as atividades na lavoura. Na terceira, tinha sido hospitalizado e não tinha mais força para trabalhar. A cena me assustou e tive certeza que não queria isso para minha família e nem para quem consome”.

Essa convicção também tem a esposa, Márcia. “Hoje, dormimos com a consciência tranquila. Comemos com segurança e sabemos que estamos fazendo acoisa certa”. E complementa:  “Não abro mão disso e não troco essa vida por nada”.

O mercado de orgânicos expande a cada ano. Em 2019, cresceu 15% no Brasil, segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis). O Rio Grande do Sul segue o movimento nacional. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), 4,1 mil das 27,9 mil unidades de produção de orgânicos do Brasil estão em território gaúcho. O Estado ainda tem 3,3 mil dos 22 mil produtores brasileiros certificados. Nos últimos sete anos, a expansão chega a 183% no número de unidades e 280% no de agricultores registrados.

Os filhos do casal Haas seguem os passos do pai. Kertlin ingressou em 2020 na EFASERRA e se prepara para dar continuidade ao legado da família. “Estou aprendendo muito e os professores da Escola me estimulam a continuar produzindo sem agrotóxicos”, conta.

São experiências como a da oficina de formação sobre Manejo e conservação do solo, do projeto Juventude e saberes – Alternância que constrói, que permitem à jovem compreender mais sobre agroecologia e agrofloresta. Na prática, a importância do solo como um organismo vivo e dinâmico Kertlin observou durante a visita técnica ao Sítio Grünes Paradies, que mantém produção em sistema agroecológico e de agrofloresta, em Nova Petrópolis. No local, foi possível conhecer práticas como cobertura de solo com material seco e triturado, adubação verde, reciclagem de nutrientes, importância da diversidade de plantas de cobertura de solo, além de consórcio de culturas realizadas para a produção de alimentos ecológicos.

Na lavoura da família Haas, os dois filhos acompanham os diferentes processos e também aprimoram conhecimentos com a experiência dos pais. “Hoje, gosto mais de colher e embalar os morangos”, afirma Kertlin. O filho mais velho, Kelvin, já planeja construir sua residência na propriedade, para permanecer por perto. “Meu foco são os morangos orgânicos”, diz.

Assim como nos jardins da casa, o capricho na produção das frutinhas vermelhas é percebido logo na entrada das estufas. As 6 mil mudas de morangos são cultivadas no sistema hidropônico com substrato, plantados em calhas de madeira.

Além do morangueiro, a safra de frutas na propriedade dos Haas rende 30 mil quilos de laranjas, 10 mil de bergamotas e 2,5 mil de figos. “Os custos continuam sendo altos, pois o cultivo é à base de produtos naturais, sem componentes agressivos ao meio ambiente e aos seres vivos. Mas os benefícios também são elevados e compensam qualquer investimento e esforço”, sinaliza o dono da propriedade, que conta com selo de certificação de produção orgânica da Ecocert.

A organização por meio do associativismo leva os cultivos da família para serem comercializados em feiras de orgânicos na grande Porto Alegre, com o apoio da Associação de Produtores Ecologistas Companheiros da Natureza, em Pareci Novo, no Vale do Caí. “Entre os produtores, compartilhamos ideias e muito conhecimento. Além disso, diluímos as despesas e comercializamos frutas o ano todo”, explica Ivan sobre o envolvimento da família com a associação, que congrega 10 famílias e mantém produção orgânica em 220 hectares,  principalmente citricultores.

É o associativismo mostrando que a união só traz benefícios e que é o caminho para o crescimento coletivo.

Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).